Último dia de atividades aterro sanitário do Gramacho preocupa catadores
O último dia de atividades no maior aterro sanitário da América Latina, Jardim Gramacho, em Duque de Caxias – no Rio de Janeiro-, foi de tristeza para parte dos catadores. Eles saem do seu antigo local de trabalho com um auxílio de R$ 14.864,55, mas encontram dificuldades para entrar em um curso de requalificação.
A Faetec, vinculada à Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia, oferece 1.320 vagas em cursos profissionalizantes como eletricista, pedreiro, instalador predial, entre outros. Porém, segundo a secretaria, houve um erro de avaliação na exigência de documentos aos trabalhadores do lixão.
Por causa disso, as inscrições para o curso serão retomadas na segunda-feira, agora sem a necessidade de alguns documentos, antes obrigatórios para quem trabalhava no aterro. Esse problema também foi apontado pelos catadores, que alegam dificuldades para ter acesso ao auxílio da prefeitura. Outro problema é a idade avançada de alguns trabalhadores.
“Não sei o que fazer e nem tenho como. Fiquei com a doença de Chagas, os médicos dizem que peguei aqui, não tenho como começar uma vida nova”, contou Paulo Roberto Gesteira de Souza, que trabalhou 32 anos em Gramacho.
Hoje, Paulo Roberto e outros 1.602 catadores vão receber, em cota única, o dinheiro do auxílio. No entanto, o que mais preocupa esses trabalhadores é a procura por uma nova ocupação. “Eu quero outro emprego. É óbvio. Mas duvido muito que eu saia daqui com outro trabalho, de carteira assinada, com tudo certinho. É meu sonho”, disse Alex José dos Santos.
Um levantamento do Instituto de Estudo do Trabalho e Sociedade, encomendado pela Secretaria Estadual do Ambiente, apontou que em Jardim Gramacho há 5.807 pessoas pobres e 2.101 consideradas indigentes.
De acordo com o estudo, 18% dos domicílios com catadores são considerados de pobreza extrema e a perspectiva é que, com o fim do aterro, a renda domiciliar per capita seja reduzida a um terço.
Mudanças bruscas para uma parcela dos catadores que considerava o lixão de Gramacho uma mina de ouro. “Isso aqui valia muito. Por base tirávamos R$ 2,5 mil. Já tive época de ter três carros na garagem”, afirmou Paulo Roberto, acrescentando que nunca teve problemas em trabalhar no lixão.
Já o secretário municipal de Conservação, Carlos Roberto Osório, explicou que é necessário modificar esta situação: “A primeira coisa que nós temos que fazer é tirar essas pessoas de condições de vida insalubres. O auxílio é para ajudá-las. O que elas irão fazer a partir de agora é uma decisão individual”.
Fonte: Band
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