Humor: A Dor de Dente

— Tá descalço, né Pompélio? Daqui a pouco essa merda de dente começa doer de novo e quem se fode sou eu.

“Repreendeu Silvéria  o marido que passara a noite toda gemendo e enchendo o saco:”

— Aproveita que tu já em pé e se veste pra gente ir num dentista acabar cum esse inferno

— Cum que dinheiro?

— Você deu tanto piti cum seus berro, que os vizinho num conseguiru dormir e todo mundo fez uma intera e deu  quase trezentos real

— Ta todo mundo perdendo o tempo. Num vou em porra de dentista nenhum!

— Claro que vai, porque senão, eu ligo pra mamãe e mando ela mudar da casa do meu irmão e vim morar aqui com gente!

— Vou, mas avisando que se eu tiver um troço e morrer de bobeira à culpa vai ser sua!

— Qual é o dente? (perguntou o odontologista)

— Ahannn…. Ungujm…Ahannn…

— Num tem mais recuperação, vou ter que extrair seo Pompélio.

— Ahannn….

Até aí tudo bem, mas foi o Pompélio visualizar uma pequena seringa na mão do profissional para dar um salto da cadeira e sair porta a fora.

Sua mulher que já esperava uma viadagem qualquer partiu atrás do cara que se pôs a correr como o jamaicano Usain Bolt, mas por sorte ou azar, ao atravessar rua tropeçou e caiu batendo com o cara no chão.  Quebrou não só o caco que doía, mas toda a cacaria que ainda tinha na boca.

Agora, está feliz esperando a gengiva murchar para pôr prótese. A paciente esposa Silvéria não se contém de tanta ansiedade, pois vai poder depois da colocação da dentadura beijar o marido sem aquele medo terrível de espetar ou cortar a língua em um caco qualquer.

Fernando Zappa