Humor: A Revolução de Rizelda

— Alô, eu posso falar cum a Rizelda?

— É ela merma que ta falando.

— Sou eu Zelda!

— Eu quem?

— Ladimar, a Ladinha…

— Oi Ladinha, qualé da parada?

— Que bizu é esse que você e o Djalmindo ontem saíram na porrda?

— Pois é, menina, só que ontem, além de mandar ele pra puta que pariu peguei uma vassoura e encarei o filho da puta!

— Que isso, me conta que babado é esse?

— Chega uma hora Ladinha, que a gente enche o saco de ser sacaneada. Que a gente enche o saco de só servir pra cuidar de casa, ser empregada sem salário, ser porra nenhuma!

— Pra mim vocês vivia bem…

— O Djalmindo nunca me deu valor muito pelo contrário. O que adianta a gente viver cum um homi que ta sempre com os corno cheio de cachaça e num lembra que tem mulher?

— Minha vida cum o falecido num foi muito diferente da sua… Que Deus o tenha!

— Na hora da confusão eu disse na cara do viado, que se eu era uma mulher que num tinha medo de barata, rato, de porra nenhuma, porque que ia ter medo dele.

— Caraca tirou onda! Agora manda real, tu num tem mermo medo desses bichos?

— Tenho medo até de mosca (risos) Falei pra botar pilha!

— Amiga que tu acha da gente convocar um encontro da mulherada na sede da Associação de Moradores pra hoje? (sugeriu Ladinha entusiasmada)

— Encontro pra quê?

— Pra você contar pra mulherada como foi tua revolução, como foi que tu encarou o casca grossa do Djalmindo…

—Revolução? Que história é essa de revoluçãoLadinha? Você ta se esquecendo que nós tamo falando no telefone? Se você vê como ta minha cara depois das porrada que o Mindo me deu você merma ia pedir pra mim ficar em casa pelo meno um mês. Imagina ir na associação c falar de uma briguinha boba pra um montão de mulher mal amada e fofoqueira?

— E a briga de ontem?

— Briga que nada Ladinha! Foi só um desentendimento do casal, mas já tudo bem…  Agora me deixa acabar de fazer o almoço, porque daqui a pouco o homi ta aí doido querendo comida… Beijo!…

Fernando Zappa