Humor: O Bigode

— Eu num acredito! Cumé que fui fazer uma merda dessa? (bradou Olimério no banheiro)

— Que foi Mério? (indagou a mulher Isaurisa) Será que nem ver minha novela em paz eu posso?

— Fui aparar o vassourão e tirei demais de um lado, quis compensar do outro e ficou pior… Aí resolvi raspar tudo e ficou uma merda!

— Me deixa vê… Porra, também num ficou tão ruim assim. Ta meio esquisito, mas em compensação agora vou poder te beijar sem aquele cheiro nojento de azedo (disse Isaurisa gargalhando, para indignação do marido)

Vassourão era como o Olimério se referia ao agora falecido bigode, um ornamento basto, tratado há décadas como um presente de Deus, e agora dizimado.

Os dias que se seguiram foram complicados, pois a perda do bigode bolou a cabeça do Olimério de tal forma, que o cara quase entrou em depressão, sem contar, o medo em sair às ruas e alguém lhe dizer o que todo mundo diz pra quem raspa barba, cavanhaque ou bigode:

“Você ficou com boca de xereca!”

Como taxista que não circula não fatura, Olimério acabou decidindo voltar a trabalhar, mas na Getulio de Moura, descida do viaduto em Mesquita, policiais do 20ºBPM que estavam na captura de um tarado conhecido como Papa-Vovó, um maluco fissurado só por mulheres com mais setenta anos, ao verem o Olimério em um dia chuvoso, com um boné enterrado na cabeça e óculos de sol, não tiveram dúvidas que era o pegador de velhotas.

Em busca de informações sobre a captura do taradão, dezenas de repórteres lotaram a 53ªDP e a cara do Olimério sem o vassourão, foi exposta em todos os telejornais do país.

Mesmo provando que os óculos e o boné eram para disfarçar a ausência do ex-bigode, Olimério continuou notícia, pois sua incrível história chamou a atenção da mulherada e o transformou em uma espécie de símbolo sexual

Deixando toda mídia louca atrás de matérias com o cara, mas a esposa Isaurisa diz que matéria só a dela. Feliz da vida, diz pra todo mundo que agora sem o fedorento bigode, a boca do maridão parece aveludada e que suas virilhas nunca mais amanheceram irritadas…

Fernando Zappa