Humor: Quem Vê Cara Não Vê Coração
Todos os funcionários da Confecção Silvarina Fachion ficavam penalizados, quando no dia do pagamento de seus salários, Maldivina Conceição, uma nordestina baixinha aparecia para pegar a grana arrecadada e doada pelos funcionários.
Aparência sofrida, porém muitíssimo simpática, entre um cumprimento e outro, a mulher narrava o inferno que vivia ao lado do marido, um alcoólatra e drogado, que segundo ela, além de espancá-la, a obrigada manter relações sexuais diariamente quase sempre na presença das crianças.
Dentre os funcionários ninguém tinha mais dó de Maldivina que a costureira Consuelo Claudia, também a primeira estranhar a ausência da pobre mulher depois de quase três anos sem faltar um final de mês e resolveu pessoalmente ir procurá-la.
Perguntando daqui e dali, enfim a dona conseguiu chegar à casa de Maldivina:
— Boa tarde!
— Boa tarde… No que posso ajudar à senhora? (indagou um mulato baixinho que limpava tranquilamente uma gaiola de passarinho)
— É aqui a casa da dona Maldivina?
— Aqui mermo, sou o marido dela!
— Quer dizer que é você o valente que bate e estupra mulher?
—Qualé cumadi, que caô é esse? (indagou o sujeito surpreso)
— Cadê sua esposa, cadê a Maldivina? Confessa que matou a coitada e escondeu o corpo?
— Que corpo minha senhora? Maldivina tá vendendo saúde, ta melhor que nós dois!
— Então cadê ela?
— Foi no salão da Lola dá um trato nas zunha e no cabelo. A filha da puta, sortuda, ganhou uma grana na milhar do macaco antisdonte e ta que só alegria, tanto por causa da milhar, quanto por causa de que ontem num precisou ir pra Caxia com faz todo fim do mês pra pegar um dinheiro que dão pra ela numa confecção lá de Caxia… A senhora num quer esperar, deixar nenhum recado? Minha mulher conhece a senhora?
Fernando Zappa
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