João Carpalhau, cartunista de Caxias estréia no Portal Baixada On
O Portal Baixada On tem o imenso prazer de receber a colaboração de João Carpalhau, cartunista de Duque de Caxias, que esbanja criatividade, talento e um humor que desperta debates e é impossível passar em branco com suas tirinhas, trazendo assuntos atuais e interessantes que rolam por aí, em nosso cotidiano.
Bem vindo camarada Carpalhau!
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Perfil
João Carpalhau, além de cartunista e roteirista, se tornou o responsável pela legalização do sal de cozinha no Brasil (vídeo em http://youtu.be/kzWWX1vjW6E), foi aluno de Filosofia e Cinema na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, estudou música na E.M. Vila Lobos, fez parte de um selo de criação de RPGs da editora Daimon (http://www.daemon.com.br/home/) – o Universo Germinante, fundou o grupo de humor Os Camaradas (http://www.oscamaradas.com), onde dirigiu, escreveu e atuou (atualmente o projeto está na geladeira rs). Carpalhau se orgulha além de tantos trabalhos, da animação, “O Cara Boladão”, que abriu o show do Sepultura realizado em Duque de Caxias. Site oficial http://www.carpalhau.com.
É isso aí! E para conhecer melhor a fera, fizemos algumas perguntas, confira abaixo.
• Quais são suas fontes de inspiração, quais os temas preferidos?
Quando trabalho com cartum, gosto de observar o cotidiano pra tirar um sarro. Algumas vezes, faço releituras de piadas populares, os temas sempre variam de acordo com o que capto por aí, abordo qualquer assunto sem preconceitos. Acho que o negócio é fazer a graça. Há um falso moralismo que vem permeado a sociedade através de meios e de formas diversas e isso precisa ser combatido.
• Costuma abordar experiências próprias em suas tirinhas?
Crio as situações, mas muitas vezes são baseadas em experiências reais, minhas ou de pessoas próximas. O Barão de Itararé dizia que o senso humor de humor é algo que te faz rir de alguma coisa que geralmente você ficaria puto da vida se fosse com você, acho que esse é o termômetro da minha percepção. Enfim, a subjetividade é um viagra para o pensamento.
• Quando descobriu suas habilidades?
Tive uma tia que fazia pinturas, ela sempre me incentivava a desenhar, mais tarde fiz cursinho no SENAC, tive aulas particulares com o Charles Bertho e recentemente tive oportunidade de conviver com o Ota em seu ambiente de trabalho. Ainda assim, não descobri nenhuma habilidade, mas sei fazer uma feijoada que é ótima.
• Consegue viver da sua arte?
Viver de arte no Brasil é coisa pra herói, mantenho na internet um blog esporádico onde escrevo com os amigos e o Tiras & Colocas, meu mais recente, onde publico as tirinhas diariamente. A arte me rende bons frutos para a alma, mas não para o bolso. E não falo só por mim, tem um filme de um conhecido que explica isso profundamente, mas ainda não assisti. Chama-se: Malditos Cartunistas.
Confesso que tenho planos de um dia ter um blog que receba mais ou menos 1 milhão de incentivo de dinheiro público, mas antes, vou abandonar o cartum e escrever umas poesias sem sal, neste país onde todos são ávidos por leitura.
• Como é viver em Duque de Caxias?
O trânsito é um desastre, as pessoas são mal educadas, de vez em quando tem um tiroteio, às vezes rola um arrastão, se precisar de hospital fique atento pra não te diagnosticarem como morto e te enfiarem vivo em uma geladeira, mas tem um bolinho de aipim na feira de domingo que eu recomendo fortemente.
• Você levanta a bandeira da cidade?
Não sou de levantar bandeiras, nem de vestir camisas, há muito oportunismo político em Caxias e isso é uma coisa que me dá náuseas. Mas quando estou fora do RJ e me perguntam se sou carioca, respondo que sou caxiense. Acho carioca, no geral, um povinho cheio de não me toques e que pensa que é malandro.
• O que falta na sua cidade no quesito arte e cultura?
Até houve alguma evolução nestes quesitos, mas em um processo lento e sempre sofrível com as mudanças de governo, ainda há muito a ser feito. Tenho certeza da necessidade criar um meio de difundir a informação para o povo, isso é algo que realmente está faltando. Há coisas acontecendo, mas o povo não está informado. Caxias tem a Grande Rio, o Teatro Raul Cortez, a Lira de Ouro, o Museu Ciência e Vida, o Forró na Feira e uma série de outros pontos onde a cultura e a arte se manifestam de maneiras diferentes é preciso dar visibilidade a isso.
Se a Prefeitura não estivesse tão preocupada em comprar restos de projetos capengas do Niemeyer, talvez as verbas pudessem ser investidas nisso.
• Quais os artistas que te inspiram?
São muitos e em áreas diferentes, nos quadrinhos sou muito fã do Alan Moore, inclusive acho o Watchmen uma das grandes obras da humanidade. Já no cartum, curto muito o Sergio Aragonés (Groo, o Terrível), também aprecio artistas nacionais como o Paulo Stocker (Clovis) que apesar da pouca visibilidade dada pela mídia, faz trabalhos com um traço revolucionário. Mas o Ota, além de ser meu amigo, desde criança quando eu ainda lia a Mad, sempre foi uma grande inspiração.
• Qual sua perspectiva sobre a arte no Brasil, na sua especialidade?
A pior possível… Tem umas poucas caras aí na mídia que fazem sucesso, fora isso tem um porrilhão de cartunistas espalhados pela internet e pela sarjeta. De um lado, só tem alcoólatra e gente maluca fazendo cartum, eu por exemplo, me enquadro nos dois grupos.
Do outro lado, como sempre estão os caras que tem na mão o fator deus, leia-se mercado. O mercado é aquela coisa que sempre dá um jeito de se fazer onipresente e estragar qualquer coisa, principalmente se for arte.
Mas sacumé, brasileiro não desiste nunca, se não for por teimosia é por amor, se não for por amor é por comodismo, se não for por comodismo… Já mencionei que o pessoal é bêbado e muito doido?
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Uma amostra das tirinhas de Carpalhau:
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