O coração das brasileiras
Não é de hoje que as mulheres estão morrendo do coração. No mundo, todos os anos mais de 8 milhões de mulheres são vítimas das doenças cardiovasculares. Entre as brasileiras, dados do DATASUS de 2010 apontam que mais de 150 mil morreram dessas doenças que são a principal causa de morte no país e correspondem por aproximadamente 30% do total de todas as mortes de mulheres, enquanto o câncer de mama é responsável por 2%. Esse é um dado desconhecido da maior parte da população. O que acontece é que as mulheres estão alerta sobre o perigo do câncer de mama e não deixam de fazer o check up, mas não pensam em prevenção das doenças do coração e nem se quer reconhecem os fatores de riscos.
Embora os homens sofram três vezes mais infartos do que as mulheres, o índice de mortalidade por infarto é maior no grupo feminino. A demora em identificar o problema cardiovascular nas mulheres é o principal problema. Quando elas descobrem, a doença já evoluiu. Em razão disso, é importante alertar para os sintomas que podem se diferentes dos relatados pelos homens. Quando o homem vai ter um infarto, costuma sentir uma forte dor no peito que irradia para os braços. Entretanto, nas mulheres é comum sentir náusea, fraqueza, dores gástricas e falta de ar, sintomas que podem ser confundidos com outras doenças.
A cada ano mais brasileiras morrem de doenças cardiovasculares. Em 10 anos (de 2000 a 2010) houve um aumento de 26% nas mortes, esse fato está relacionado à mudança no estilo de vida moderno. A mulher geralmente acumula vários papéis: trabalha fora, cuida da casa e da família. O ritmo acelerado a expõe a muito estresse e favorece hábitos pouco saudáveis, como sedentarismo e má alimentação. A falta de atividade física e a dieta inadequada levam ao sobrepeso e à obesidade, que também aumentam o risco cardiovascular. Aliás, a obesidade é um dos fatores de risco mais preocupantes. No Brasil quase metade da população feminina está acima do peso, segundo dados do Ministério da Saúde. Quando a mulher fuma e usa pílula anticoncepcional, os riscos cardiovasculares são triplicados.
No cuidado com a saúde, as mulheres costumam frequentar o médico ginecologista, mas poucas procuram um cardiologista. Outro fator muito importante é envelhecimento da população, nessa fase da vida a pressão arterial e o nível de colesterol tendem a aumentar. Nas mulheres, por volta dos 45 anos ocorre a diminuição dos níveis hormonais e com a chegada da menopausa, quando é perdida a proteção hormonal, a incidência de doenças cardiovasculares aumenta.
Os fatores de risco cardiovascular são os mesmos para as mulheres e os homens. Mas, enquanto alguns desses fatores não podem ser controlados, tais como sexo, idade e histórico familiar, a maioria deles pode ser evitada por meio de mudanças de comportamento. Alguns fatores que podem ser modificados: o tabagismo, a obesidade, a má alimentação e o sedentarismo. Ao adotar hábitos mais saudáveis como uma alimentação adequada, praticar exercícios físicos regularmente e parar de fumar, reduz em 80% o risco de infarto agudo do miocárdio.
Artigo assinado pela Dra. Magaly Arrais, cirurgiã cardiovascular do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e do Hcor (Hospital do Coração) e porta-voz da campanha “O que mais existe por trás do biquíni” (www.portrasdobiquini.com.br).
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