Hospital Geral realiza pesquisa com condutores de motos
Aproximadamente 62% dos motociclistas envolvidos em acidentes de trânsito não possuem carteira de habilitação. A conclusão é do setor de Ortopedia do Hospital Geral de Nova Iguaçu, que entrevistou motociclistas admitidos na emergência da unidade, em uma semana, todos do sexo masculino, com média de 28,6 anos. A pesquisa foi realizada pelo médico residente Camilo Rodrigues Junior e pelo acadêmico de medicina Daniel Pereira Barbosa, sob orientação dos ortopedistas José Celestino Castiñeira e Roberto Chaves Santos Junior, chefe do setor.
“Os acidentes determinam um grave problema de saúde pública, envolvendo a população jovem e economicamente ativa, e causando um elevado custo ao Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirma Camilo Rodrigues Junior. Para ele, os resultados apontam para um problema em vigente crescimento, onde jovens, em idade produtiva, com baixo grau de instrução, em maioria não habilitados, sem a proteção adequada, são vítimas de acidentes com motocicletas, sofrendo fraturas que deixam sequelas físicas, emocionais e sociais.
Foi identificado que prevalecem as fraturas dos membros inferiores (75%) em detrimento das fraturas dos membros superiores (25%). “Avaliamos a prevalência de fraturas entre os motociclistas. Os dados são bastante alarmantes, tanto em termos epidemiológicos quanto em termos médicos, pela alta gravidade das lesões”, explica Daniel Barbosa.
Os acidentes também geram altos gastos médicos e hospitalares e causam às vítimas sequelas temporárias ou permanentes, invalidez, óbito ou perda de dias de trabalho. “O cenário é preocupante na medida em que são analisados os impactos que o acidente de trânsito causa à sociedade e à economia brasileira. Cerca de dois terços dos leitos hospitalares dos setores de ortopedia e traumatologia são ocupados por vítimas de acidentes de trânsito”, explica Camilo, que apresentou o trabalho no XXIV Congresso Brasileiro de Medicina do Exercício e Esporte, em maio.
Entre os entrevistados no Hospital da Posse, prevaleceu o baixo nível de escolaridade (56% com ensino fundamental ou menos) e a grande maioria estava envolvida em acidentes por colisão (87%), sendo 37% destes acidentes relacionados à ingestão prévia de álcool pelo condutor. Quanto à utilização de equipamentos de proteção, 50% dos motociclistas relataram sempre utilizar o capacete, 37,5% às vezes e 12,5% nunca o utilizam.
A pesquisa considera que determinar a proporção de feridos e de mortos e identificar lesões apresentadas pelas vítimas é imprescindível para melhorar as medidas de prevenção. “Nosso objetivo é expandir a pesquisa ao longo do tempo para que tenhamos dados mais relevantes na tentativa de publicá-los em revistas científicas de reconhecimento nacional e internacional”, afirma Daniel.
O Ministério das Cidades alerta, através da campanha Parada Pela Vida, que a segurança destes condutores depende, principalmente, do respeito às leis de trânsito, do uso de equipamentos de segurança e de ações responsáveis para que todos tenham seu espaço no trânsito.
Números
Levantamento do Ministério da Saúde (MS) aponta que o custo de internações por acidentes com motociclistas pagas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em 2011, foi 113% maior do que em 2008, passando de R$ 45 milhões, há quatro anos, para R$ 96 milhões, no ano passado. O crescimento dos gastos acompanha o aumento das internações, que passou de 39.480 para 77.113 hospitalizados no período.
Segundo dados do MS, o número de mortes por este tipo de acidente aumentou 21% nos últimos anos – de 8.898 motociclistas em 2008 para 10.825 óbitos em 2010. Homens representaram 89% das mortes de motociclistas, em 2010. Os jovens são as principais vítimas: cerca de 40% dos óbitos estão entre a faixa etária de 20 a 29 anos. O percentual chega a 88% na faixa etária de 15 a 49 anos.
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