PMs envolvidos na morte do menino Juan dispararam mais de 30 tiros, segundo a polícia
Os policiais militares indiciados nesta quarta-feira (20) pela morte do menino Juan, de 11 anos, efetuaram mais de 30 disparos de fuzil, segundo informou o delegado Ricardo Barbosa, da DHBF (Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense). Os quatro PMs envolvidos alegaram confronto com traficantes – o que foi negado pela polícia – e registraram o caso como auto de resistência (morte em troca de tiros com a polícia).
Nesta quarta-feira, a Polícia Civil informou ter concluído que os policiais do Batalhão de Mesquita (20º BPM) que atiraram durante a operação no bairro Danon, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, no dia 20 de junho, mataram Juan.
A quantidade de tiros disparados por arma supostamente usada por Igor de Souza Afonso, de 17 anos, morto no tiroteio e suspeito de ser traficante, foi considerada “desproporcional” pelo delegado quando comparada às rajadas de fuzis disparadas pelos PMs. A pistola usada por Igor tem capacidade para 12 tiros. Como havia oito munições intactas no carregador da arma, ele poderia ter disparado, no máximo, quatro tiros.
A polícia ainda investiga se os disparos feitos com a pistola usada por Igor foram feitos pelo jovem, já que há a possibilidade de os tiros terem sido forjados pelos policiais para justificar o auto de resistência. Apontado como traficante pelos PMs, o menor seria o alvo da operação policial que terminou com a morte dele e de Juan.
Além da perícia feita nas armas e no local do crime, depoimentos de testemunhas convenceram a polícia sobre a conclusão apresentada à imprensa nesta quarta, principalmente o de uma pessoa que teria conhecimento sobre armas.
PMs mentiram sobre dinâmica do crime
As versões conflitantes dos PMs sobre a dinâmica do crime também contribuíram para o indiciamento deles por dois homicídios qualificados, duas tentativas de homicídio e ocultação de cadáver.
Os policiais afirmaram, por exemplo, que chegaram ao local do crime por volta das 20h30. Mas, o rastreamento via satélite da viatura usada por eles revelou que eles chegaram ao local às 18h35. Os PMs também disseram ter chegado à rua que dá acesso ao beco, mas o GPS revelou que eles pararam o carro em uma pedreira, a alguns metros do local do crime.
Segundo as investigações, os PMs desembarcaram próximo à pedreira às 18h35 e caminharam pela mata durante 40 minutos até chegarem ao beco onde aconteceu o tiroteio. Mais tarde, eles reconheceram terem entrado no local pela mata, mas não souberam esclarecer o que fizeram de 19h15 até as 20h40, quando os tiros foram ouvidos pelos moradores.
Eles também alegaram que a suposta troca de tiros aconteceu com um grupo de seis homens armados. Em outro depoimento, o número de supostos traficantes caiu para apenas dois, segundo os PMs.
Caso a prisão temporária dos PMs seja decretada pela Justiça, a polícia espera que testemunhas que teriam visto o corpo do menino ser levado pelos policiais tenham coragem de prestar depoimento. Até o momento, apenas uma pessoa fez essa afirmação, mas a polícia considerou o depoimento pouco convincente, já que há muitas informações sem sentido.
Fonte: Portal R7
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