Comédia ‘Amor confesso’ leva contos de Artur Azevedo ao SESC São João de Meriti

Dois atores, duas cadeiras, um autor, oito contos e uma questão: casar ou não casar? Os atores Claudia Ventura e Alexandre Dantas interpretam um casal que, prestes a se casar, resolve montar uma peça: “Amor confesso”. Para confessar esse amor, escolhem contos de Artur Azevedo. Durante os ensaios, porém, eles descobrem que a maioria das histórias não tem final feliz. Horas antes da cerimônia, eles estão no palco dividindo com o público a dúvida entre se casar ou não. Mais uma vez, vida e arte se misturam. A comédia estará em cartaz no SESC São João de Meriti, nos dias 4 de setembro, às 10h e às 15h, e 29 de setembro, às 20h.

“Amor confesso” busca popularizar a obra de Artur Azevedo apresentando ao público o contista, faceta menos conhecida do autor de “Amor por anexins” e “A Capital Federal”, e criador da tradição das revistas de ano. Sua obra retrata a cidade do Rio de Janeiro, seus costumes na passagem da Monarquia para a República e desperta nos leitores/público do século XXI a surpresa de ver que as mazelas sociais se repetem mais de cem anos após sua morte.

Com direção de Inez Viana (indicada ao Prêmio Shell 2012 de direção e vencedora do Prêmio Contigo de melhor espetáculo, por “As conchambranças de Quaderna”, de Ariano Suassuna), o espetáculo da Cia. Falácia dá continuidade à investigação sobre a linguagem narrativa e sobre as questões humanas iniciada em “A igreja do Diabo”, de Machado de Assis (2008). No elenco, Alexandre Dantas e Claudia Ventura dividem o palco com o pianista e ator Rodrigo Alzuguir.

A interseção entre a literatura e o teatro é o objeto de pesquisa da Cia. Falácia.  Através da linguagem narrativa, transitando entre a contação e a vivência da própria história, são criados espetáculos que estabelecem uma relação direta com o espectador, transformando-o em cúmplice da cena, além de atrair leitores – mergulhados num mundo repleto de apelos visuais – para a literatura. Em “Amor confesso”, além da linguagem narrativa, os atores usam a música e diferentes gêneros teatrais como melodrama, farsa e comédia musical para dar voz aos diversos personagens dos contos de Artur Azevedo, cuja obra é marcada pela relação direta com o leitor, através de um olhar arguto, crítico e bem humorado.

Cia. Falácia

Alexandre Dantas e Claudia Ventura trabalham juntos desde 1991, quando participaram da montagem de “Macbeth”, de William Shakespeare, na UniRio. A partir de 1997, os dois dividiram a cena nos espetáculos “A Capital Federal”, “Forrobodó”, “Um choro na cidade Nova”, “Alcassino e Nicoleta” e Hamelin (sob a direção de André Paes Leme); “A serpente”, “O jogo do amor” e “Henrique IV” (com a companhia Teatro do Pequeno Gesto, sob a direção de Antonio Guedes); “Antonio Maria, a noite é uma criança”, “Ai que saudades do Lago” e “Aquarelas do Ary” (Núcleo Informal de Teatro, sob a direção de Joana Lebreiro). Em 2008, criaram a Cia. Falácia e montaram o espetáculo “A igreja do Diabo”, baseado no conto homônimo de Machado de Assis.

Serviço

“Amor confesso”

SESC São João de Meriti: Av. Automóvel Clube, 66. Tel.: 2755-7070

4/9, 10h e 15h

29/9, 20h

Ingressos: Grátis (associados SESC Rio), R$ 6 (estudantes, jovens de até 21 anos e maiores de 60 anos) e R$ 12 (inteira)

Capacidade: 348 lugares

Classificação etária: 10 anos

Duração: 90 minutos

Ficha técnica

Direção: Inez Viana

Autor: Artur Azevedo

Elenco: Claudia Ventura e Alexandre Dantas

Pianista: Rodrigo Alzuguir

Direção musical: Marcelo Alonso Neves

Cenário e figurino: Carlos Alberto Nunes

Direção de produção: Cia. Falácia

Os contos

Como o diabo as arma!

Paulino, marido irrepreensível em cidade onde os maridos irrepreensíveis são raríssimos, está prestes a trair. No entanto, descobre que o traído é ele.

Vingança

A pedido do Comendador Cardoso, a atriz Madame D’Arbois abandona o teatro para se casar. Mas ela sente nostalgia dos bastidores e volta aos palcos e se torna amante do primeiro ator. Flagrada por Cardoso, torna-se vítima de sua vingança.

Sabina

Figueiredo quer se casar com Sabina. Ela não quer. Ele se cansa dessa relação e, para se livrar dela, a acusa de uma traição que nunca aconteceu. Para sua surpresa, ela assume esta traição, o que o enche de ciúmes. E o seu amor extinto desperta mais violento e impetuoso que nunca.

Toc toc toc

Borges quer se casar com Idalina, mas só a conhece de vê-la à janela da casa paterna. Toda a cidade sabe que a moça tem um defeito. Para ele o defeito é o passado da mãe da moça, uma mulher de vida alegre. Quando a pede em casamento, porém, Borges descobre que o tal defeito é a falta de uma perna.

A melhor amiga

A mais ingênua e virtuosa das esposas, dona Ritinha Torres tem a dolorosa certeza de que o marido a engana com uma vizinha. Desesperada, pede conselhos a sua melhor amiga sem saber que ela é a verdadeira amante.

A ama-seca

Dona Eufêmia parte às pressas para Juiz de Fora. Remígio, que nunca havia passado uma noite longe de sua mulher, passeia de bonde pela cidade para iludir a saudade. Até que numa noite é tentado por Antonieta, mulatinha dengosa e bonita. Quando Dona Eufêmia volta, contrata uma nova ama-seca para o caçula: uma mulata chamada Antonieta.

Incêndio no Polytheama

Romualdo foi até bem poucos dias o modelo mais completo da fidelidade conjugal, até ser tentado por uma linda mulher. Para viver essa aventura, ele mente dizendo que seu patrão o convidou para ir à ópera. No dia seguinte, dona Vicentina, sua mulher, descobre pelo jornal que o teatro pegou fogo.

Uma aposta

Simplício Gomes ama Dudu, mas se acha tão insignificante, e ela tão linda, que não tem coragem de se declarar. Ela, por seu lado, finge ignorar que ele a ama. Ele adivinha os menores desejos de Dudu e para realizá-los recorre ao ardil de uma aposta. Seu medo é que ela se apaixone por outro homem – o que não demora a acontecer.